Com fronteira fechada, 5 mil perdem emprego e 200 lojas fecham na linha internacional do Paraguai com Brasil

Segundo Câmara do Comércio do Paraguai, reabertura da linha internacional vai diminuir os prejuízos e recuperar algumas vagas de trabalho que foram perdidas por conta da pandemia em Ponta Porã e Pedro Juan Caballero.

Com fronteira fechada, 5 mil perdem emprego e 200 lojas fecham na linha internacional do Paraguai com Brasil

O fechamento da fronteira do Paraguai com o Brasil por conta da pandemia de Covid-19 provocou desde 18 de março 5 mil demissões e o fechamento de pelo menos 200 lojas na cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero, vizinha do município de Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul.

Segundo o presidente da Câmara do Comércio de Pedro Juan Caballero, Victor Hugo Barreto, antes da pandemia, havia cerca de 500 lojas na região de fronteira e o turismo de compras, impulsionado pelos visitantes brasileiros, alavancava a economia local.

Barreto comenta que com a fronteira fechada, os comerciantes paraguaios perderam boa parte da clientela e tiveram que demitir funcionários e fechar estabelecimentos. Em razão do grande número de desempregados na cidade, foi criada até uma entidade para auxiliar essas pessoas, a Associação dos Desempregados Fronteiriços.

"Nós precisamos dessa fronteira aberta para fazer nossos serviços. Tem muito paraguaio que trabalha em Ponta Porã e muito brasileiro que trabalha aqui no Paraguai. Nós precisamos de uma proposta concreta do nosso governo para ajudar essas pessoas que estão desempregadas", afirma o presidente da associação, Luiz Benitez.

Ainda de acordo Benitez, se a fronteira não reabrir urgente, o número de desempregado pode chegar a 6 mil e somente o restabelecimento do livre acesso entre às duas cidades é que poderá minimizar a situação e possibilitar a recuperação de parte das vagas que foram perdidas nesses seis meses.

Conforme a Associação dos Desempregados, autoridades do governo federal do Paraguai devem se reunir nesta quinta-feira (24) com representantes do comércio da região para discutir o problema e propostas de um protocolo de reabertura.

A entidade aponta que está se discutindo a possibilidade de um período do protocolo ser adotado por um período de teste de até 3 meses.

Fechada há mais de seis meses e sob vigilância do exército paraguaio, a decisão do bloqueio partiu do governo do país vizinho devido à pandemia da Covid-19 com o objetivo de impedir o avanço do coronavírus pelo país. Mas com tanto tempo sem clientes, comerciantes alegam que sem os brasileiros, principais consumidores, estão entrando em falência.

Os últimos protestos na região foram registrados entre a última segunda-feira (21) e ontem como forma de chamar a atenção do governo. Autoridades paraguaias informaram que a reabertura da fronteira começa na próxima semana, mas por enquanto, somente para a região de Foz do Iguaçu, cidade paranaense que também faz fronteira com o Paraguai.

Segundo o Ministério do Interior Paraguaio, a informação de reabertura foi feita por meio de uma rede social e veiculada nos principais jornais do país vizinho nesta quarta-feira (23). Referente a reabertura da ponte da amizade, no Paraná, será feita de forma experimental por três semanas.

Conforme o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde do Paraguai, até essa quarta-feira (23), são 34.828 casos confirmados e 705 mortos. Em Mato Grosso do Sul, de acordo com a secretaria estadual de Saúde (SES), até hoje, o número de óbitos no estado provocados pela doença chegou 1.204 e foram confirmados 652, o que elevou o total do estado para 65.611.