Apesar de decisão do TSE sobre abuso de poder religioso, candidatos precisam ficar atentos, diz especialista

Apesar de decisão do TSE sobre abuso de poder religioso, candidatos precisam ficar atentos, diz especialista

A punição por abuso religioso rejeitada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não modifica as regras das eleições. A proposta previa a responsabilização de candidatos pelo uso irregular da religião para obter votos, mas foi derrubada pela maioria dos ministros. O advogado especialista em direito eleitoral, Arthur Rollo, alerta que apesar da decisão, não significa que os candidatos possam fazer o que bem entenderem no pleito. “Isso não quer dizer que os candidatos, na próxima eleição, vão poder abusar das igrejas, porque igrejas são bens de uso comum para fins eleitorais. E igrejas, enquanto pessoas jurídicas, não podem doar, sejam em dinheiro ou bens estimados, para as campanhas eleitorais, pois isso configura abuso do poder econômico”, explica.

O TSE decidiu por 6 votos a 1 e vetou o texto apresentado. Na ocasião, o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, justificou o voto contrário. ”Esse quadro não me oferece uma realidade fática que me permita avançar para formar uma convicção sobre a possibilidade implícita de abuso de autoridade, seja em matéria religiosa, seja em matéria empresarial ou outros domínios. Mas reitero que o legislador já previu hipóteses para abusos de poder religioso, tanto no caso de doação quanto no caso de propaganda”, opinou. O julgamento começou em junho e teve como base o caso de uma vereadora de Luziânia em Goiás, pastora da Assembleia de Deus, Valdirene Tavares dos Santos do partido Republicanos acusada de usar sua autoridade e posição na estrutura religiosa para promover sua candidatura à Câmara Municipal. Ela foi reeleita em 2016.