Corinthians, Palmeiras e outros clubes da Série A dizem apoiar a aplicação do fair-play financeiro

Corinthians, Palmeiras e outros clubes da Série A dizem apoiar a aplicação do fair-play financeiro

A proposta da CBF de aplicar a partir do Campeonato Brasileiro deste ano regras de fair-play financeiro tem grande apoio dos clubes. O Estado procurou os 20 times da Série A para questionar a opinião de todos sobre as medidas que visam a responsabilidade financeira. Das 12 equipes que retornaram ao contato da reportagem, a maioria se disse favorável à novidade e alguns defendem até mesmo a aplicação de punições para quem não cumprir as regras.

O plano da CBF é instituir práticas de governança corporativa, transparência, compromisso com salários e responsabilidade fiscal no futebol brasileiro. Para isso, no próximo dia 28 será votado no Rio o texto final da proposta do fair-play financeiro. A entidade quer estabelecer a aplicação gradual da medida ao longo de quatro anos. Para os casos mais graves e reincidentes, estão previstas punições até mesmo como o rebaixamento de divisão.

“O fair-play financeiro será lançado este ano, para que haja responsabilidade na contratação de jogadores, pagamento na hora, tudo aquilo que a gente espera de uma ação administrativa competente, organizada, transparente e ética, para que possamos, permanentemente, prestar contas do nosso trabalho e dos nossos resultados”, disse o secretário-geral da CBF, Walter Feldman.

A proposta da confederação complementa a postura já estabelecida por alguns clubes brasileiros de aumentar o controle sobre as finanças. A contratação de dirigentes profissionais para cuidar da área e o estabelecimento de planos de metas têm ajudado equipes a se reerguer. O Flamengo, por exemplo, reduziu a dívida em R$ 200 milhões nos últimos sete anos. Outras diretorias também têm procurado fazer o mesmo caminho.

Por outro lado, a situação geral dos clubes não é tão confortável. Um estudo publicado ano passado pela consultoria Sports Value com base nos balanços financeiros das equipes mostrou que as dívidas fiscais dos times da Série A atingiram R$ 2,5 bilhões em 2018 e representam a fatia de 36% do total de endividamento dos clubes. Portanto, há ainda um longo caminho a ser percorrido.

Pelo menos por parte dos times, há o entendimento que o fair-play financeiro será uma medida positiva. “O Palmeiras é totalmente favorável à implantação do fair play financeiro. O objetivo desse modelo é definir um equilíbrio econômico financeiro para os clubes, dentro das características da economia brasileira e nos desafios que ela coloca aos clubes de futebol”, disse o clube em nota enviada ao Estado. O Corinthians concorda. “A implementação está a cargo da CBF e será uma medida evolutiva no processo de gestão financeira dos clubes”, acrescentou.

As diretorias das equipes já tiveram acesso ao teor prévio da proposta e alguns dirigentes entendem ser necessário melhorar alguns pontos, como é o caso do presidente do Bahia, Guilherme Bellintani. “A gente entende e acredita que o verdadeiro avanço da seriedade do futebol brasileiro vai ser dado quando o fair-play financeiro chegar ao Brasil de forma real. A proposta atualmente colocada é algum avanço, mas muito aquém do que poderia ser no nosso entendimento”, afirmou ao Estado.

Para o presidente do Fortaleza, Marcelo Paz, a aplicação do fair-play financeiro vai beneficiar com os resultados dentro de campo os times que de fato têm uma administração mais eficaz. “Muitas vezes você está em uma competição com os salários todo em dia e jogando com um time que está com os salários atrasados e talvez com jogadores mais qualificados e que vieram por uma proposta não cumprida”, explicou.

PUNIÇÕES – O Athletico enviou nota à reportagem em que disse ser a favor da aplicação de sanções para quem descumprir as determinação do fair-play financeiro. O Coritiba concorda e também defendeu a execução de punições.

O QUE DISSERAM OS CLUBES

Athletico-PR – posicionamento oficial

Como clube cumpridor de todas as obrigações financeiras e fiscais, com orçamento anual estabelecido pela direção, com planejamento estratégico a longo prazo sendo seguido fielmente, o Athletico aprova, apoia e incentiva a medida. Além disto, é favorável à sanções para quem não cumprir.

Atlético-GO – Marcos Egídio, diretor administrativo

O modelo de fair-play financeiro proposto pela CBF será importante para melhorar o futebol brasileiro, pois o cumprimento das obrigações e o nivelamento da formatação das gestões administrativas, permitirá mais equilíbrio entre os clubes. O problema financeiro dos clubes, atualmente, é atribuído às más gestões passadas, fato que não pode ocorrer mais no futebol.

Bahia – Guilherme Bellintani, presidente do clube

A gente entende que a questão financeira é fundamental para o avanço do futebol brasileiro, que é injusto quando clubes contratam jogadores sem ter recursos para bancar e depois jogam contra outros clubes que fazem muito esforço pra manter as contas em dia e que não têm maior vantagem técnica por isso. A gente entende e acredita que o verdadeiro avanço da seriedade do futebol brasileiro vai ser dado quando o fair-play financeiro chegar ao Brasil de forma real. A proposta atualmente colocada é algum avanço, mas muito aquém do que poderia ser no nosso entendimento.

Ceará – Robinson Castro, presidente do clube

Não tem mérito nenhum ser campeão quebrando o seu clube. Vamos acabar com essa herança de não ter responsabilidade. Tem de vencer dentro e fora de campo.

Corinthians – posicionamento oficial

A implementação do fair-play financeiro é mais um instrumento de gestão dos clubes, modelo utilizado nas principais ligas do mundo. O modelo tem sido discutido tecnicamente pela CBF com as diretorias financeiras dos clubes e através da ABEFF (Associação Brasileira dos Executivos de Finanças do Futebol) e através dessas discussões se chegou a um modelo técnico padronizado. A implementação está a cargo da CBF e será uma medida evolutiva no processo de gestão financeira dos clubes.

Coritiba – posicionamento oficial

A diretoria do Coritiba é a favor ao fair-play financeiro e consequentemente ao monitoramento e suas consequências.

Fortaleza – Marcelo Paz, presidente

Precisamos ter equilíbrio e não permitir o “doping” financeiro, que é contratar jogadores e não pagar o clube de origem e os salários. Muitas vezes você está em uma competição com os salários todo em dia e jogando com um time que está com os salários atrasados e talvez com jogadores mais qualificados e que vieram por uma proposta não cumprida.

Flamengo – posicionamento oficial

O projeto ainda está embrionário. A nossa posição ainda não está firmada. Mas qualquer coisa que seja para alavancar o futebol brasileiro, o clube estará a favor.

Goiás – Rogério Santana, vice-presidente administrativo e financeiro

O Goiás é favorável, sim, ao fair-play financeiro. O Goiás por ser um time conservador, mantém as suas contas em dia, paga os seus débitos fiscais em dia, paga os jogadores em dia. Por isso não teme esse fair-play. O projeto visa sanar a saúde financeira do clube. Isso é importante porque mantém um equilíbrio entre os clubes de futebol, que têm os compromissos de pagar dia as suas contas nem gastar mais do que recebe.

Palmeiras – posicionamento oficial

O Palmeiras é totalmente favorável à implantação do fair-play financeiro. O objetivo desse modelo é definir um equilíbrio econômico financeiro para os clubes, dentro das características da economia brasileira e nos desafios que ela coloca aos clubes de futebol. Somos um clube cumpridor de nossas obrigações e adotamos um modelo de administração que privilegia sempre as melhores e mais modernas práticas de gestão. Entendemos ser fundamental a reestruturação dos clubes e o fortalecimento do negócio futebol baseado na aderência de todos a um novo modelo de gestão financeira.

Red Bull Bragantino – posicionamento oficial

O Red Bull Bragantino é a favor de qualquer regulamentação que vise modernizar e dar transparência ao futebol brasileiro. O fair-play financeiro pode ajudar neste sentido, mas deve ser discutido com clubes e federações para que se monte um modelo adaptado ao futebol brasileiro. Não apenas replicar soluções de outros mercados que possuem características diferentes das nossas

Sport – Carlos Frederico, vice-presidente executivo

Todos os times no Brasil têm um dever de casa para fazer em termos de estruturar sua diretoria, seus órgãos internos, para manter boas práticas de governança corporativa no sentido de aumentar a transparência e poder comunicar para seus sócios que essas práticas rendem boas gestões e boas administrações.

NÃO SE MANIFESTARAM

Atlético-MG, Botafogo, Fluminense, Grêmio, Internacional, Santos, São Paulo, Vasco

*Com informações do Estadão Conteúdo