Ministro diz que ofensa de novo secretário de Cultura a Fernanda Montenegro foi 'um certo exagero'

Ministro diz que ofensa de novo secretário de Cultura a Fernanda Montenegro foi 'um certo exagero'

Osmar Terra acrescentou que esse fato 'não tira o mérito dele'. Em setembro, Alvim utilizou uma rede social para atacar a atriz. Ele criticou um ensaio fotográfico no qual ela aparecia vestida de bruxa e amarrada em cima de uma pilha de livros. Ministro da Cidadania, Osmar Terra.

Roque de Sá/Agência Senado

O ministro da Cidadania, Osmar Terra (MDB), disse nesta sexta-feira (8) que a ofensa do novo secretário de Cultura, Roberto Alvim, à atriz Fernanda Montenegro foi 'um certo exagero', mas acrescentou que 'isso não tira o mérito dele'.

"Não sou a favor de ofender uma pessoa. Na política, toda a minha história política foi discutir temas, ser contra ou a favor, convencer procurando embasar na ciência para fazer afirmações na política sobre drogas. Ofender uma pessoa eu acho que é de um certo exagero do Alvim, mas isso não tira o mérito dele, talvez ele não fizesse isso de novo", afirmou o ministro em entrevista à Rádio Gaúcha.

Em setembro, Alvim utilizou uma rede social para atacar Fernanda Montenegro. Ele criticou um ensaio fotográfico no qual ela aparecia vestida de bruxa e amarrada em cima de uma pilha de livros. A ofensa do dramaturgo a atriz indignou a classe artística.

"Acuso Fernanda de mentirosa, além de expor meu desprezo por ela, oriundo de sua deliberada distorção abjeta dos fatos", escreveu.

Dramaturgo Roberto Alvim foi escolhido por Bolsonaro para chefiar a Secretaria de Cultura

Nelson Almeida/AFP/Arquivo

A escolha de Alvim como novo secretário especial de Cultura ocorreu na quinta-feira (7) pelo presidente Jair Bolsonaro. No mesmo dia, a Secretaria de Cultura, que herdou a estrutura do antigo Ministério da Cultura, extinto pelo presidente, foi transferida para o Ministério do Turismo. No atual governo, a secretaria pertencia ao Ministério da Cidadania.

A transferência da secretaria e a escolha do novo titular foram feitas um dia depois de o governo exonerar o então secretário de Cultura, Ricardo Braga, que ficou dois meses no cargo.

"A questão da cultura é operacional, ela realmente exige muito. Eu pedi ao presidente, vamos ver se tem outro. Para o Ministério do Turismo tem só o Turismo. A troca foi um pedido meu", explicou Terra.

Roberto Alvim é diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte, a Fundação Nacional de Artes, e será o terceiro secretário de Cultura desde o início do governo Bolsonaro. Para Osmar, Alvim é uma pessoa "que tem história".

"Foi um grande diretor de teatro, famoso inclusive, dirigiu peças do Chico Buarque, da esquerda. Veio para a direita agora. No período eleitoral ele se convenceu. Ele tem uma história no teatro que poucos têm no Brasil. Vamos ver, agora. Nós temos que dar crédito para que ele realmente faça as coisas que tem que fazer".

Perguntado sobre o que o presidente espera da Cultura, Terra afirmou que o pedido feito a ele e a Alvim foi o mesmo: "uma pauta conservadora".

"Ele [presidente] quer cuidar de perto da Cultura. Ele é quem está nomeando toda equipe da Cultura. O presidente quer, e que ele me pediu, certamente pediu ao Alvim também, que ele bote em execução, que avance nessa pauta conservadora. Na pauta de costumes".

"Que se crie uma geração de pessoas que prestigie os artistas conservadores, que sempre foram marginalizados essas décadas todas. Não tem muito mistério".

Terra negou que o atual governo haja com censura em relação ao cinema, mas disse que está olhando de forma diferente para os projetos que têm financiamento público, dando preferência para aqueles que estão alinhados com as ideias do presidente.

"Não censurei nada. Não tem censura no Brasil. Só quero saber se o dinheiro publico está sendo aplicado de acordo o interesse da sociedade. Não era isso que estava sendo pautado para a televisão pública. Filme que conta a história do Brasil pode ter um viés e tal, agora não era isso que estava sendo pautado, basicamente era sexualidade e gênero. Estamos falando de dinheiro público e dinheiro público tem que obedecer uma pauta que é a pauta da maioria da sociedade".